A PROPÓSITO DO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON: UM RELATO DE CASO DE ZOOFILIA
Resumen
Nos últimos anos, vários estudos têm demonstrado o efeito dos fármacos dopaminérgicos no desenvolvimento ou agravamento de comportamentos compulsivos na Doença de Parkinson. No presente artigo, as autoras descrevem o caso clínico de um doente que desenvolveu um quadro de zoofilia como complicação do aumento da terapêutica dopaminérgica instituída. Trata-se de um doente de 77 anos que apresenta síndrome parkinsónica acinético-rígida, com tremor de repouso, lentificação psicomotora, rigidez muscular e instabilidade postural, que evidenciou resposta clínica favorável ao tratamento com levodopa. Foi observado em consulta de Neurologia, tendo sido aumentada a terapêutica dopaminérgica numa fase mais avançada da doença. Cerca de uma semana após o ajuste da medicação, o doente iniciou quadro de hipersexualidade com zoofilia. Por este motivo, foi encaminhado para a consulta de Psiquiatria, reduzindo-se a dosagem da terapêutica dopaminérgica e introduzindo-se medicação antipsicótica, com melhoria comportamental significativa, sem novos episódios de zoofilia. As alterações do comportamento sexual nos doentes com Parkinson sob tratamento com levodopa são bem conhecidas. No entanto, as parafilias são frequentemente subdiagnosticadas. Este facto é especialmente preocupante, dado que as manifestações comportamentais da Doença de Parkinson podem tornar-se extremamente incapacitantes. Este caso clínico destaca a importância da abordagem dos potenciais efeitos adversos decorrentes da terapêutica dopaminérgica, temática em relação à qual a literatura ainda permanece escassa. A deteção das alterações sexuais permite uma intervenção precoce sobre a sua etiologia, evitando-se assim possíveis complicações médicas e sociais que delas possam advir.
Palabras clave
Doença de Parkinson; Transtornos Parafílicos; Agentes Dopaminérgicos; Transtornos do controle de impulsos
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Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. ISSN: 1414-0365