LEUCOARAIOSE GRAVE EM PACIENTE DE 19 ANOS: RELATO DE CASO

Rodrigo Matos Amaral, Antônio de Souza Andrade Filho, Aristides Cheto de Queiroz

Resumo


Introdução: O termo Leucoaraiose (leuko, branco, e araiosis, rarefação) foi introduzido em 1987 por Hachinski para definir áreas de substância branca que apareciam hipodensas na Tomografia Computorizada (TC), mais tarde identificadas como áreas hiperintensas em Ressonância Magnética (RM) em sequência T2, designadas por lesões da substância branca relacionadas com a idade, diabete mellitus (DM) e hipertensão arterial. Seu quadro clínico geralmente está associado ao comprometimento neuropsiquiátrico, défices motores, cefaleia, distúrbios urinários e comprometimento cognitivo. Sua prevalência varia entre 24 e 33% em indivíduos acima de 65 anos de idade e ocorre raramente abaixo. Relato do caso: M.A.S., 19 anos, masculino, negro, diagnosticado com DM tipo 1 desde a infância, em uso medicamentoso irregular, uso de álcool desde os 12 anos e sem seguimento nutricional adequado, inicia, aos 16, quadro de cefaleia intensa diária, holocraniana, pulsátil, sem melhora medicamentosa, e cursa com crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas (TCG) seis meses após o início do quadro. Passa a cursar com internamentos repetidos por episódios agudos de fala incompreendida, cefaleia e riso imotivado, com progressiva limitação motora em hemicorpo esquerdo, défice cognitivo e incontinência urinária, sendo sempre liberado sem investigação diagnóstica. Apresentou, então, crise convulsiva TCG, evoluindo a coma por um mês. Em investigação diagnóstica, à RM, apresentou áreas de encefalomalácia em ambos os hemisférios cerebrais, sugestivo de insulto isquêmico crônico. À biópsia, encefalite necrotizante sugestiva de glioma ou forma pseudotumoral de toxoplasmose. À imuno-histoquímica, ausência de evidência neuoplásica e reação negativa para toxoplasmose.­ Discussão: considerando-se a evolução, isquemia crônica visualizada em RM, exclusão diagnóstica diferencial e doença de base descompensada como forte fator de risco, o paciente foi diagnosticado com leucoencefalopatia microangiopática. A ausência de tratamento adequado da DM e de investigação diagnóstica levou ao atraso do diagnóstico e piora do prognóstico do paciente.


Palavras-chave


Laucoaraiose; Diabetes mellitus tipo 1; Encefalomalácia

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Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. ISSN: 1414-0365