PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA BILATERAL: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO

Erickson Danilo Padovani, Carlos Alexandre Twardowschy, Fernando Tensini, Luciane Filla, Gabriela Boschetti, Igor Barcellos

Abstract


Introdução: A paralisia facial periférica é uma entidade clínica com várias etiologias possíveis, e quando esta é desconhecida, é denominada paralisia de Bell. Caracteriza-se a pela impossibilidade de fechar um dos olhos, desaparecimento do sulco nasolabial e desvio da rima bucal. A maioria é unilateral e idiopática, porém quando é bilateral, tende a ser secundária a quadros neurológicos, infecciosos, traumáticos, neoplásicos ou metabólicos, sendo a etiologia indefinida em 23% dos casos.  Objetivos: O diagnóstico diferencial do quadro de paralisia facial bilateral é amplo, sendo algumas causas potencialmente fatais, devendo o médico estar atento às várias possibilidades. Relato do Caso: Homem, 35 anos, hipertenso, diabético, dislipidêmico, em tratamento para depressão, com história prévia de gastroplastia há 14 meses devido a obesidade mórbida, tendo perdido 72 kg no período. Procurou setor de emergência referindo ter acordado com o lado direito do rosto paralisado. Há 1 mês estava em acompanhamento com médico generalista por quadro de paralisia facial periférica de hemiface esquerda. Na admissão, apresentava paralisia facial periférica bilateral, com presença de sinal de Bell, fala arrastada, escape de saliva, hipoestesia facial bilateral e restante inalterado. O paciente ficou internado para investigação por 8 dias, sendo submetido a um novo ciclo de aciclovir, prednisona além de fonoaudiologia e cuidados oculares. Apesar de extensa pesquisa não foi possível identificar um fator precipitante para o quadro, ratificando que muitas vezes o diagnóstico etiológico da paralisia periférica bilateral é desafiador e complexo. Discussão: A paralisia de Bell é relativamente comum, com incidência de 13 a 34 casos por 100 mil habitantes, sendo bilateral em 0.3 a 2 por cento dos pacientes. Nestes, geralmente o quadro é secundário à doenças como: Guillain-Barré, sarcoidose, meningite (infecciosa ou neoplásica), doença de Lyme, neuropatia craniales múltipla idiopática, hipertensão intracraniana benigna, romboencefalite, diabetes mellitus, sífilis, infecção pelo HIV, mononucleose, Síndrome de Melkersson-Rosenthal, Síndrome de Moebius, vasculites, neurofibromas bilaterais e leucemia ou tumores pre ou intrapontinos bilaterais. O tratamento inclui a abordagem à doença de base, e assim como na doença unilateral, a corticoterapia associada ao aciclovir continuam indicados na maioria das situações.


Schlagworte


Paralisia Facial; Diagnóstico

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Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. ISSN: 1414-0365